quinta-feira, 29 de março de 2012

A vida, os dias e o aniversário

Meu aniversário está chegando e isso me deixa meio chata, meio esquisita, muito de mim no mesmo espaço. Entra ano, sai ano e continua difícil lidar com isso; acho que envelhecer é sempre difícil e cada ano que passa piora um pouquinho por causa da noção de vida que adquirimos pouco a pouco.
365 dias é coisa demais, cabe muito naquilo que achamos ser sempre o mesmo. Achamos, porque na verdade não é. Cada dia aparece uma mania nova, um grito novo, uma coisa diferente da de ontem mas como você convive consigo diariamente acha que ta tudo igual, mas não ta, tudo muda do dia pra noite sem te avisar e você nem percebe.. Ah, como a vida é.

Principalmente a minha. Daria um livro, um bom drama, uma péssima comédia e uma viagem muito maluca por sentimentos e sensações; um dia quero escrever tudo isso pra ver se caio na (minha) realidade quando ler linha a linha. Já pensou se toda a sua vida estivesse num monte de folhas na sua frente! Que loucura, minha gente, que insanidade.

De qualquer forma, as quinzenas anteriores ao meu aniversário seriam as linhas mais deprimentes de todo o livro pois nada se compara à sensação de que tudo está indo mais rápido do que deveria. O tempo corre de uma maneira que deveria ser ilegal, pra você ver como é, já estamos quase em abril mas parece que ontem todos estavam se agarrando à promessas de um mundo melhor em 2012.
E o mundo não mudou e nem você, só que ta tudo diferente. Essencialmente é tudo a mesma coisa, o que mudou foram detalhes tão pequenos que a gente nem leva em conta, só vamos perceber lá pra 2015 se o mundo não acabar. Ontem foi diferente de hoje, a gente envelheceu, foi feliz ou não, mas ainda mora no mesmo endereço e carrega a mesma mala de lembranças que só aumenta a cada dia e isso complica.
Quando nos conhecemos a mala era mais vazia e hoje ta mais cheia, você ta mais velho, só que ainda é voce carregando a mesma mala de antes. 

Ai complicação.
Ah, como a vida é.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Regresso

Há tempos não venho aqui.
Na verdade, traí, tentei iniciar outro blog mas depois de tantas e tantas tentativas percebi que não havia como, isso aqui sou eu e vice versa.
Muito aconteceu nesse tempo, tanto que seria bobagem dizer tudo de uma só vez e então vamos aos poucos, uma coisa de cada vez, um dia de cada vez.

Por hoje eu só senti saudade daqui, acho que senti saudade de mim e de um pouco do que eu era. A gente tenta esquecer e dizer que cresceu mas na verdade não é nada disso e aí tem dia que sente falta de ser menos como hoje e mais como ontem. Porque ninguém cresce de uma vez, a gente cresce todo o dia, um pouquinho a cada momento e depois de algum tempo acaba sentindo falta do que era antes.
Enfim, senti saudade e pronto. E voltei, e quero ficar, só não sei se vou. 
A gente cresce mas a maior parte não muda; eu não mudei, continua difícil me manter em casa e só volto quando preciso voltar, quando quero. Não tá certo, mas também não é errado porque já faço muito do que não quero e em casa acabo me dando o direito de fazer o que quiser e..
...
Tá certo, volto quando preciso voltar porque minha casa é o lugar mais seguro que conheço e aonde me recomponho. Isso não é fácil de entender porque todo mundo gosta de voltar pra casa todos os dias, mas eu não, então todo mundo me vê meio como desnaturada, meio como indigente e talvez eu seja mesmo mas não posso fazer nada. Eu cresci, mudei, chutei o balde e continuo assim porque é assim que tem que ser.
Acho certo só voltar pra casa quando sente saudades porque aí não levamos qualquer coisa, só levamos o que merece entrar em casa. Não há nada pior do que deixar entrar em casa alguém que não se preocupa em limpar os pés; na minha casa tem de tudo mas não tem isso, não! Quem entra aqui é sempre bem vindo e cuida da minha como se fosse a própria e isso só acontece porque eu venho em casa de vez em quando, nunca recebo visitas. O que é da rua, fica na rua e pronto.
Mas eu voltei, uns anos depois e quero ficar um pouco (talvez um pouco mais) porque o que tinha na rua pra mim já guardei e o resto não me interessa. Eu voltei, fiz uma faxina, tirei toda a poeira de mágoa e vim descansar um pouco.

Depois de tudo isso, eu até mereço.