sábado, 7 de dezembro de 2013

Parte 0

Era uma vez uma menina que não tinha nome, filha de ninguém, 20 e tantos anos. Não fazia nada, não gostava de se ocupar com qualquer coisa que garotas de 20 e poucos anos gostavam, não ia aos lugares que outras pessoas da sua idade frequentavam, não procurava por atenção desesperada como pessoas fazem. Não tinha o frescor da juventude e sua aparencia muitas vezes enganava quem não a conhecia, as vezes parecia infantil, as vezes parecia velha. Difícil dizer se era bela ou atraente, afastava olhares, repudiava o desejo que qualquer um pudesse vir à demonstrar.
Vou chamá-la de Sofia, significa sonho e para mim é o que ela significa. Um sonho, uma coisa desvairada e selvagem, olhos de predador, atitude silenciosa, caráter duvidoso disfarçada de gente comum.
Sofia gostava de ler, imaginava cada personagem como um ser real e não se sentia mal com nenhum deles pois eram reais e irreais ao mesmo tempo, eram reais até que o livro se fechasse e pudesse voltar à sua vida de sempre onde não se preocupava com o depois e não pensava em nada a não ser o que seria da humanidade. Ria. Era difícil gostar de pessoas de carne e osso, elas são previsíveis e cansativas, vendidas, trocam qualquer integridade por moedas, fazem atrocidades por altos salários e status; malditas. Odiava todas e as amava ao mesmo tempo, eram nojentas, sujas e incrivelmente fascinantes mas gostava de observar, de preferencia de longe.
O relógio apontava as horas, 14h27, ainda não tinha nada no estomago a não ser dois copos de água gelada e meio litro de café preto. Detestava comer. O ato de cozinhar e ingerir o que quer que fosse a deixava desesperada, triste, comer era necessário e ela não gostava de coisas necessárias pelo simples fato de que tinha que faze-las mesmo que não quisesse. Isso era ter a impressão de que era como todos os outros mas desde que se entende por gente sabe que não faz parte "dos outros", e nunca deixaram com que ela se esquecesse disso. 
Filha de ninguém, nunca foi e nem seria amparada por qualquer pessoa. Ela não tinha raízes e gente assim aprende muito cedo a ficar na companhia de si mesmo, e ela gostava. Via uma beleza sagrada na solidão e chorava as vezes pois era lindo, e bem, as vez vezes por se sentir só, mas nunca se envergonhou por nada disso. Era incompreensível a necessidade do ser humano de se envergonhar, como se envergonhar por ser o que se é? Complicado.

Mas sempre encontrava consolo quando pensava no todo, no Universo, na existencia. Nenhum deles queria mas ela era parte do todo, não era humana, não era gente mas era parte da gente.
Ah, Sofia.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

5918

As horas passam. Impossível não imaginar o tic tac de um relógio dentro da minha cabeça, não me lembro se antes ele estava aqui mas agora é quase impossível não notar o barulho que ele faz, como se quisesse explodir minha mente em milhões de pedacinhos. Vrum...
O relógio marca 03h59 da manhã mas na verdade não sei que horas são porque os dias são todos iguais. Levantar, deitar, dormir (ou não), reclamar de algo aleatório, ter conversas vazias e sem sentido, reclamar da vida, pensar no mundo e tentar expulsar todas essas coisas de dentro de mim. Deitar. Levantar. Diariamente.

Comecei um livro novo e gostei bastante, ele me faz rir. Retirei algumas pessoas da minha vida, acho que não me farão falta porque não tem utilidade alguma, estar com elas é como deitar e levantar: automático. Também tomei coca cola, acho que ela é a causa da dor que senti no estomago ontem mas tudo bem, é um prazer, achei que fosse vomitar e morrer, achei que fosse desmaiar de dor mas nada disso aconteceu, então a cafeína continua a ser um prazer. No mais foi tudo como sempre, tudo como devia ser.
Acho que fiz um novo amigo e isso é surpreendente, estamos em tempos difíceis (a coisa e eu) e em tempos assim fica difícil ter vontade de falar com alguém, mas é com ele é diferente e sempre um prazer. Gosto dele. Gosto de não me sentir tão só. Em tempos difíceis a solidão pode ser um grande problema pois ela não vai e também não me deixa ir, como se fosse um imã ela me puxa pra perto dela o tempo inteiro, eu só não consigo resistir. 
Acreditem, a solidão pode ser bem atraente.
Tenho dormido mal, o sono não vem e quando dá as caras sempre traz algum sonho perturbador, li que acontece em casos de depressão mas prefiro pensar que é o que acontece quando dormimos mal demais. Não aceito intromissões. 

As horas continuam correndo, gosh, hoje estão voando, quase não percebo os minutos e penso que meu relógio está errado (risos, talvez o biológico). A vontade de sair de casa diminui, o receio em encontrar pessoas some e a vontade de alcool aumenta gradativamente, acho que ando bebendo demais e devia melhorar. É possível que daí venham as dores estomacais, mas não ligo, é sempre um prazer e seria melhor se pudesse faze-lo o tempo inteiro (beber e não sentir dores, durd), contudo, pensar me consome muito, todos os meus dias são ocupados por essa imensa vontade de saber o que é do que foi e como será. Cansativo, improdutivo, preguiçoso.
Tem dias que ser diferente é um pé no cu.

Alguns minutos se passaram. Deitar. Levantar.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

0013


Aqui dentro sou tão igual e todos conseguem ser igualmente diferentes de mim. Mas afinal, não é assim que as coisas são lá fora?
(As vozes insistem em me culpar. As mesmas vozes que me apontavam o caminho da estrada. As mesmas vozes que apontam o dedo pra zombar do meu fracasso. Cubro os ouvidos mesmo sabendo que não posso me proteger de mim mesmo)
Se ao menos eu pudesse ficar alerta...
Por onde andei? Quem me chama? Onde estou? Quando foi a última vez que comi ou disse alguma palavra? Me pergunto se as coisas teriam sido diferentes se eu tivesse lhe mutilado, dando vazão à minha raiva.
Mas será? Estas fendas deveriam estar em teu corpo e não no meu.
Mas será? Uma vez livre, tudo será do meu jeito.
Mas será! Fugir não vai ser minha melhor opção.
No lugar de conversa, temos um refluxo de ódio e palavras não ditas.

Finjo estar pior para não atrair atenção e poder ter paz.
Os dias demoram a passar, mas correm tanto que não consigo acompanhar.
(As horas não valem nada. Sei que é dia quando me avisam. Sei que é tarde quando me avisam. E a noite, quando chega, já me encontra quase inconsciente.
Parece tão irreal. Me chamam de uma maneira que eu quase não entenderia mais. Como ele reagiria aqui dentro? Como você reagiria?)
Onde errei? Onde erramos? Onde estás?
Uma morte indolor e plácida não seria justa para você. Não vou ser seu mártir.
Se um dia lhe chamei de mau, tenha certeza que me tornei maniqueísta por opção.
A incompatibilidade de gênios não foi capaz de preservar nosso tratado de não agressão.
A sujeira que corrompe. Ofusca o brilho. Glorifica a dor.

As vozes nunca estão satisfeitas.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Maré viva

Você já sentiu vontade de desaparecer?
Não de morrer ou ir embora, desaparecer. Ver cada pedaço seu apagando como a imagem mal cuidada de uma fotografia vai sumindo com o tempo, vai deixando de existir bem devagarinho e depois parece que nunca esteve lá.

Era o início dos anos dois mil quando me senti assim pela primeira vez. Não me lembro da data, nem do que comi aquele dia, não sei qual roupa eu vestia mas me lembro muito bem da sensação e era dolorida. Ainda é.
Lembro de chorar por dentro, de tentar expulsar aquilo da minha cabeça, de querer afastar aquela coisa do meu coração. Lembro do vazio, de me sentir mais só do que nunca e não compreender o motivo. Eu era tão jovem... como pode?
Não precisei de muito tempo para perceber que eu sempre seria só e que a aquela coisa nunca iria embora, enquanto eu existir isso vai acontecer e eu não vou conseguir me esconder, não terei pra onde fugir, a coisa vai vir e vai me engolir viva. E eu vou morrer um pouco por causa disso porque a coisa vai tirando partes de mim e nunca para, nunca acaba, nunca me deixa ir. É uma coisa no coração, na cabeça, no estomago e ela é viva e respira, eu posso sentir ela chegando sutilmente e tomando tudo o que existe em mim.
Com o passar dos anos eu aprendi a conviver com a coisa, aprendi a esconder do mundo que ela está aqui e vez ou outra me toma mas ela nunca deixou de doer. Aprendi a mentir dizendo que não é nada demais, aprendi a deixa-la quieta no canto dela, a não me incomodar quando ela vem e estou cansada demais pra ir contra.
"Nada, ta tudo bem." 
"É só uma dor de cabeça."
"Eu ando um pouco cansada, deve ser o calor ele sempre me cansa"
Tá tudo bem, tá tudo sempre muito bem mas é mentira porque eu soube muito tempo que a coisa não iria embora e ninguém entenderia. Chorei. Implorei. Barganhei. Faz de conta que esse aqui é o meu castelo e um dia eu derrotarei o dragão com a minha espada mágica, vou viver feliz pra sempre, vou escrever "FIM" em letras garrafais e celebrar o dia da minha liberdade. E aí eu acordo e ela vem só pra mostrar que manda em tudo aqui tanto quanto eu, porque ela sou eu e eu sou ela. Se uma desaparece a outra morre mas ela não quer morrer e nem eu.

Você já sentiu vontade de desaparecer?
Eu já. Pena que ela não.
Ela pensa, ela respira e vai te engolir.

Postagem 633



Eu não tenho muita certeza do que acontece por aqui, sei que o tempo esfria e esquenta sem critério porque ele pode fazer o que quer quando quer e nós não. Também não sei se quero saber como as coisas estão indo pois é certo que não vou mudar minha direção.
Não disse não quero, não disse não posso... não vou e reconheço.
Acho nocivo esse faz-tudo-mas-não-faz-nada porque te ocupa o corpo mas escraviza a mente com pensamentos desnecessários; ou talvez essa seja eu querendo dar sentido à coisas que não tem sentido algum, vai saber. 
O fato é que a crise dos 20 e poucos anos tá batendo na porta e eu não quero abrir mas ela vai entrar nem que seja pela janela, porque não dá pra se esconder de algumas coisas e essa é uma delas. E não vai te deixar trabalhar, não vai te deixar pensar, você vai parar de respirar e tudo vai girar em torno do fato de que sua cabeça parece quebrada e tá tudo errado porque não era pra ser assim, era pra ser daquele jeito lá que a gente imaginava quando tinha dez anos.

Fiz uma pausa. Fumei um cigarro, pensei em como me sinto mas não veio nada. Eu só tô cansada de não dormir, de comer mal, de viver de qualquer jeito; eu tô presa, andando em círculos, me viciando no todo o dia que eu não queria pra mim e eu não sei sair, não consigo ver como a gente pode ser tudo mas não consegue ser nada e a dor é excruciante.
É a merda que cai em você sem aviso e permissão.
Mas que droga, a gente só quer dormir.



"Por seis meses eu não conseguia dormir.
Com insônia nada é real."

quarta-feira, 30 de outubro de 2013




Função soneca, estamos cegos e sem muletas

E é simples assim
E a gente come a mesma coisa no café, pra tentar mudar o dia
Pra enfrentar de frente o que vier
E não é fácil estar a par do que acontece aqui
E o ônibus não passa, e o nosso tempo ainda nem começou

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Quinta feira

Não parece mas há muito tempo atrás era só eu. 
Antes das noites em claro, das verdades e mentiras, antes das bebidas... era apenas eu com o mundo me encarando de frente, aquele nó no estomago, aquela ansia infinita por viver tudo ao mesmo tempo e de uma vez. Quanto mais jovem maior a vontade de experimentar o mundo e antes de hoje eu tinha isso, o frio na barriga, o mundo e eu.. só isso.
Sentada na frente do computador digitando essa sopa de letrinhas tenho a impressão de que foi há um milhão de anos todas as primeiras coisas. O primeiro segredo, o primeiro amigo, o primeiro beijo, a primeira casa, o primeiro cigarro, o primeiro porre, mas isso não faz tanto tempo assim porque faz pouco mais de uma década (se bem me lembro) onde tudo o que existia era eu e a vontade de ter todos esses primeiros. Aqui estou, todo esse tempo depois digitando do meu antigo quarto, o lugar onde me criei e é como entrar em uma máquina do tempo com paredes rabiscadas e papéis de bala no chão.

É tão engraçado estar de volta, depois de tantos anos me vejo parada encarando tudo que um dia foi tão meu, tudo o que quis proteger e não era mais meu. São memórias emprestadas de uma garota diferente e que agora volta a ser tudo aquilo que jurou não querer mais pra si. A periferia tem esse ar de nostalgia, o conjunto habitacional, as crianças correndo pela rua com suas pipas no ar, como se os anos não tivessem passado. Tudo igual aos anos em que estive aqui.
Foram bons momentos, maus momentos, foram anos da minha vida que não posso apagar e nem gostaria porque provavelmente faria tudo igual e o doce continuaria doce, e o que doeu doeria de novo, tudo seria exatamente como é e me traria aqui de novo no olho do furacão de emoções.

Antes dos sorrisos, das primeiras e segundas vezes era apenas eu encarando a vida... acho que sinto falta de olhar tudo como se fosse novidade, porque viver já não é tão novo assim. Vai ser, mas não é mais porque vivi rápido demais. Jovens e a sua sede insaciável por novidades, por vida! Acaba sempre se afogando num mar de emoções que nem sabe de onde vem ou pra onde vai, só quer que vá, então as coisas acabam indo porque tem que ir, porque nós fazemos acontecer mas quando o hoje chega (e ele sempre chega) desejamos secretamente que tivessem ido mais devagar afinal, a vida é tão longa e temos todo o tempo do mundo para fazer com que as coisas aconteçam, não é necessário tanta pressa.

Antes de estarmos onde estamos era apenas o que voce costumava ser, sem máscaras e responsabilidades, apenas você do jeito que costumava ser. Um dia você vai voltar ao início porque a vida é assim, um ano pra frente e dois meses pra trás.
Entenda como quiser.

sábado, 15 de junho de 2013

010413

Se eu estivesse em um filme seria a coadjuvante do lado mau, aquela que nunca tem forças para ser a antagonista mas não pode ser do time dos bonzinhos.
Sempre existe uma personagem que erra e acerta mas ninguém está interessado nela e essa sou eu, a quer atenção mas nunca conseguirá porque não é forte ou carismática o suficiente para isso.



Existem os mocinhos, os bonzinhos, os antagonistas, os malvados e os outros.
Os outros são aqueles que namoram os bonzinhos mas no fim da história não ficam com eles porque não seria o final feliz. A moça que faz cagadas, pede perdão e nunca é perdoada porque ninguém a julga merecedora de perdão; o cara que comete o erro comum mas paga por eles com a severidade mais real possível; a moça que é traída e, apesar de não ter errado, não é digna de pena porque esse término resultará na felicidade dos mocinhos. Essa sou eu.
Em todo o filme alguém fica sozinho e ninguém se importa porque você não se lembra do nome dele, a existencia dele serve apenas para que o bonzinho enfrente uma dificuldade antes de encontrar o seu "e viveram felizes para sempre", todos sabem que ele existiu e que foi (ou pode ter sido) fundamental para a história se desenrolar mas ele não ganhou um final feliz para sempre. Na verdade você não sabe qual foi o final dele e, caso saiba, não se lembra mas ele esteve ali.
Essa sou eu, a personagem que merece perdão mas todos se encarregam de inventar uma desculpa para não perdoa-la porque isso atrapalharia os mocinhos, os bandidos e todo o resto.

Sempre existe alguém que perdoa os erros de quase todo mundo mas nunca é perdoado, sempre tem alguém que é o coadjuvante indiferente, alguém tem que fazer esse papel. Alguém tem que estar ali, atrapalhando os planos dos outros para que no fim eles tenham o seu "feliz para sempre" e mesmo que ninguém queira ser, não tem jeito. Você é o que tem que ser e não o que quer ser, o mocinho de coração ruim nunca será amado como o vilão de coração bom, ninguém nunca arranjará desculpas para que ele seja absolvido.
Algumas pessoas tem a torcida a seu favor e outras, bem, outras apenas fazem o que tem que fazer.

domingo, 26 de maio de 2013

(E estive preso no espelho tanto tempo que nem sei bem, e mais cem anos, seis meses, três dias, tudo bem... tanto faz)

sábado, 25 de maio de 2013

09120352

O mundo rejeita pessoas como nós, como eu e como você.


Desde que nasci o mundo não me deseja, ao longo desses vinte e tantos anos tudo o que conheci foi rejeição vinda de todos os lados e durante algum tempo até mesmo de mim. Diariamente sou engolida e vomitada pela vida sem nenhum tipo de compaixão ou justificativa, isso incomoda de uma maneira que só quem já viveu assim pode entender. É doloroso, exaustivo e  desumano.
Por muito tempo tentei me adequar para ser aceita, participei de todos os joguinhos estúpidos que os outros fazem (e voce sabe que fazem) mas mesmo assim, não houve resultado. Resolvi viver de uma maneira diferente, à margem disso, simplesmente não me adequar e continuei sem resultados positivos ou negativos, tudo continuava exatamente da mesma forma.
Por um ou dois pares de anos sofri a dor de ser vomitada dia a dia pelo mundo e por todas pessoas que vivem nele, até que um dia cheguei a uma conclusão desagradável...
Algumas pessoas nasceram pra viver à margem do mundo. Nem todo mundo nasceu pra ser aceito, querido, bonito e cheiroso; nem todo mundo vai poder ser o que quiser e ser feliz dessa forma e isso porque pro bem existir o mal precisa existir também, logo, pra alguém estar feliz alguém tem que estar infeliz em algum lugar. O seu sofrimento é a felicidade do outro e não, não há nada que voce possa fazer.
Veja bem, voce está fodido triste por não ter um emprego e outra pessoa também, mas só há uma vaga, se ela conseguir voce continuará na merda até arrumar outra vaga e se conseguir vai deixar outra pessoa infeliz. É assim que a vida funciona, o problema é que pra cada pessoa que tem uma "sorte" (vamos chamar assim) fora do comum existe eu, existe você e nós temos um "azar" fora do comum. É tudo questão de estatística.
O que significa que não importa o quanto voce tente se adequar, o mundo não te quer e vai te rejeitar sempre...

Rejeição machuca.
Ninguém é solidário, ninguém se interessa por nada disso por isso não superestime as pessoas nem o que elas podem te oferecer. As vezes nascemos pra viver assim,





"O mundo me engole e me cospe porque sabe que eu não devo fazer bem. Na verdade é tão normal, não é nada demais."

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

232011

Eu me sinto de volta à dezembro de 2008, como se uma máquina do tempo me levasse de volta à tudo aquilo que eu supostamente deixei para trás. Engraçado como fechamos os olhos, desejamos que tudo fique bem, colocamos um sapato novo e fingimos que nossos pés nunca passaram por uma estrada que nos machucou. Achamos que esquecer é resolver da maneira que parecer melhor e seguir em frente. O problema é que novos sapatos só escondem velhas feridas e cedo ou tarde elas irão se abrir novamente porque você caminhou demais; vai doer, vai te fazer lembrar como as coisas podem ficar ainda mais difíceis e mais complicadas do que ja estão porque o novo caminho tem tantas pedras quanto o outro. Sapato nenhum vai fazer tudo melhorar, as feridas, o sangue, as lágrimas estarão lá e isso só faz parecer estúpido você ter seguido em frente sabendo que isso ia acontecer.
E então, o que fazer agora? Pés novos nunca foram uma opção e trocar os sapatos já foi provado que não vai funcionar...

Parece que estamos de volta à estaca zero, nada mudou tanto quanto parecia, cigarros, solidão e desespero por não encontrar algo que mude tudo isso..
Minha avó me dizia que a vida é assim mesmo, durante a sua infância e a sua adolescência você vai colecionando valores como balões de hélio e quando algum aspecto da sua vida não está bem a pior coisa a se fazer é se concentrar nele e tentar recuperá-lo porque isso vai fazer com que todos os outros balões escapem tambem até suas mãos estarem vazias; uma vez de mãos vazias você terá que começar novamente, por isso o segredo está em não se desesperar e manter o que você ainda tem.
Nunca tive tempo de perguntar à ela como recomeçar quando se está de mãos vazias, porque era assim que me sentia em dezembro de 2008 e da mesma forma me sinto hoje. Vejo tudo desmoranando lentamente e não faço idéia de como intervir, na verdade eu intervi, só não deu certo e agora não sei mais o que fazer, só posso dizer que voltei pra tudo aquilo que tentei afastar de mim por não me fazer nada bem.
As noites em claro, a falta de fome, a vontade de fazer nada, as dores de cabeça.. ah, as dores de cabeça! Eu não senti falta delas nem por um segundo, aliás, de tudo acho que foi o que não desejava que voltasse. Lembro de ter medo de ir no médio e descobrir que era algo mais sério que uma enxaqueca, nunca fui pra saber, seis meses depois de tudo ela passou (assim como todo o resto) e eu me senti aliviada e comecei do zero com um novo emprego e novas paixões mas agora é diferente. Tudo está de volta mas eu já não tenho a certeza de que vai passar ou de que desejo que passe, só quero uma boa noite de sono e silêncio; toda esse incomodo pode ficar aonde está, eu não me importo mais com ele e mesmo que me importasse já não teria tanta certeza de que tudo iria embora como da outra vez.




"And I don't blame you, you've had enough with all these empty promises and countless bluffs
I know you can't hold out forever, waiting on a diamond and a tether from a girl who won't jump. When she's falls in love, she just stands with his toes on the edge... And she waits for it to disappear again." (Death Cab For Cutie)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Na tarde de sábado, estava eu assustadamente dentro do amor (eu não acreditava mais que o amor existisse, e a vida desmentia). Só porque era sábado, porque estava indo embora, porque as malas restavam sem fazer e o telefone tocava sem parar...



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