quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

232011

Eu me sinto de volta à dezembro de 2008, como se uma máquina do tempo me levasse de volta à tudo aquilo que eu supostamente deixei para trás. Engraçado como fechamos os olhos, desejamos que tudo fique bem, colocamos um sapato novo e fingimos que nossos pés nunca passaram por uma estrada que nos machucou. Achamos que esquecer é resolver da maneira que parecer melhor e seguir em frente. O problema é que novos sapatos só escondem velhas feridas e cedo ou tarde elas irão se abrir novamente porque você caminhou demais; vai doer, vai te fazer lembrar como as coisas podem ficar ainda mais difíceis e mais complicadas do que ja estão porque o novo caminho tem tantas pedras quanto o outro. Sapato nenhum vai fazer tudo melhorar, as feridas, o sangue, as lágrimas estarão lá e isso só faz parecer estúpido você ter seguido em frente sabendo que isso ia acontecer.
E então, o que fazer agora? Pés novos nunca foram uma opção e trocar os sapatos já foi provado que não vai funcionar...

Parece que estamos de volta à estaca zero, nada mudou tanto quanto parecia, cigarros, solidão e desespero por não encontrar algo que mude tudo isso..
Minha avó me dizia que a vida é assim mesmo, durante a sua infância e a sua adolescência você vai colecionando valores como balões de hélio e quando algum aspecto da sua vida não está bem a pior coisa a se fazer é se concentrar nele e tentar recuperá-lo porque isso vai fazer com que todos os outros balões escapem tambem até suas mãos estarem vazias; uma vez de mãos vazias você terá que começar novamente, por isso o segredo está em não se desesperar e manter o que você ainda tem.
Nunca tive tempo de perguntar à ela como recomeçar quando se está de mãos vazias, porque era assim que me sentia em dezembro de 2008 e da mesma forma me sinto hoje. Vejo tudo desmoranando lentamente e não faço idéia de como intervir, na verdade eu intervi, só não deu certo e agora não sei mais o que fazer, só posso dizer que voltei pra tudo aquilo que tentei afastar de mim por não me fazer nada bem.
As noites em claro, a falta de fome, a vontade de fazer nada, as dores de cabeça.. ah, as dores de cabeça! Eu não senti falta delas nem por um segundo, aliás, de tudo acho que foi o que não desejava que voltasse. Lembro de ter medo de ir no médio e descobrir que era algo mais sério que uma enxaqueca, nunca fui pra saber, seis meses depois de tudo ela passou (assim como todo o resto) e eu me senti aliviada e comecei do zero com um novo emprego e novas paixões mas agora é diferente. Tudo está de volta mas eu já não tenho a certeza de que vai passar ou de que desejo que passe, só quero uma boa noite de sono e silêncio; toda esse incomodo pode ficar aonde está, eu não me importo mais com ele e mesmo que me importasse já não teria tanta certeza de que tudo iria embora como da outra vez.




"And I don't blame you, you've had enough with all these empty promises and countless bluffs
I know you can't hold out forever, waiting on a diamond and a tether from a girl who won't jump. When she's falls in love, she just stands with his toes on the edge... And she waits for it to disappear again." (Death Cab For Cutie)

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